Desde 5ª feira, 70 pessoas já passaram pela Casa da Acolhida; em dias frios, vida do migrante é mais difícil. Dourados – MS – O paulista Cláudio Dias de Araújo chegou aos 52 anos sem ter emprego fixo ou lugar para morar. Ex-metalúrgico e separado da mulher, Cláudio já rodou o Brasil em busca de trabalho. Caminhei de Curitiba a Cascavel no Paraná, porque não tinha um tostão e a gente vai vivendo procurando trabalho aqui e ali, conta ele, já fazendo novos planos: Vou para Cuiabá. Hélio Borges, nascido e criado em Dourados, tem 44 anos e se orgulha de ter vestido a camisa 7 do Ubiratan. Fui um ponta daqueles de não deixar a defesa em paz, relembra. Para ele, o mundo dos grandes jogadores de futebol, onde os salários milionários garantem uma aposentadoria tranqüila para uma carreira efêmera, passou muito longe. Depois de 5 pinos de platina em diversas partes das duas pernas, Hélio sobrevive do artesanato e nem sempre consegue o necessário para a subsistência. Os destinos de Cláudio e de Hélio se cruzaram em um local que já virou sinônimo de solidariedade em Dourados, a Casa da Acolhida. Mantida pela Prefeitura, o abrigo oferece hospedagem confortável e alimentação para quem não tem mais qualquer alternativa. Basicamente, trabalhamos com moradores de rua ou migrantes que estão desamparados pelas ruas, explica a coordenadora da Casa da Acolhida, Rosemara Aparecida Osório. Nos dias mais frios, os trabalhos da equipe são redobrados. Entre quinta-feira e segunda, quando os termômetros acusaram as mais baixas temperaturas deste ano em Dourados, cerca de 70 pessoas passaram pela casa. A maior parte delas foi retirada das ruas e levada ao abrigo.No inverno a situação de quem está na rua fica mais difícil e nós temos uma equipe que localiza essas pessoas e as traz até a casa, se elas consentirem, informa. O trabalho da Casa da Acolhida às vezes encontra um obstáculo no próprio beneficiário. Nos casos de alcoolismo, há uma grande resistência de vir até a casa e isso exige que o nosso pessoal faça mesmo um trabalho de convencimento da necessidade de sair da rua pelo menos durante os dias mais frios. Além do atendimento imediato alimentação e hospedagem a Casa da Acolhida também tem uma assistente social para encaminhar as pessoas a programas de geração de renda ou fornecer as passagens para que elas voltem ao seu lugar de origem. O telefone da Casa da Acolhida é 422-0491.