O coordenador de Assuntos Indígenas da Prefeitura de Dourados, Anastácio Peralta, participou ativamente das discussões do 3o Fórum Social Mundial. Peralta disse que os temas abordados foram os mais interessantes possíveis e tratou numa primeira fase da terra, território e autonomia dos povos indígenas. No segundo momento foram debatidas a resistência e autonomia indígena na história do Brasil e, por último, o tema foi: povos ressurgidos: a mobilização de indígenas e campesinos no Brasil e no continente. Anastácio Peralta disse que a participação de Dourados foi de extrema importância porque o município abriga atualmente uma das maiores populações indígenas do Brasil. As lideranças indígenas mortas neste mês de janeiro foram lembradas durante o Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre de 23 a 27 deste mês e que reuniu representantes dos mais diversos países do mundo. Foram lembradas as mortes dos índios Leopoldo Crespo (aldeia Kaingang do Rio Grande do Sul); INSERT INTO nw_noticias (not_id, not_edicao, not_hora, not_ativacao, not_tipo, not_titulo, not_titulo_destaque, not_legenda, not_legenda2, not_corpo, not_texto_destaque, not_fonte, not_usuario, not_chapeu, not_subtitulo, not_credito, procura, dest_sec) VALUES de Aldo da Silva Mota (aldeia Macuxi de Roraima); INSERT INTO nw_noticias (not_id, not_edicao, not_hora, not_ativacao, not_tipo, not_titulo, not_titulo_destaque, not_legenda, not_legenda2, not_corpo, not_texto_destaque, not_fonte, not_usuario, not_chapeu, not_subtitulo, not_credito, procura, dest_sec) VALUES e de Marcos Veron (assassinado recentemente na Fazenda Brasília do Sul, em Juti). De acordo com Peralta, o relato das delegações provenientes de todas as regiões do país, trouxeram a tona uma realidade assustadora, que teima em se reproduzir, apesar das conquistas obtidas através da luta nos últimos trinta anos. A violência, segundo os indígenas, é movida pela ganância e pelo preconceito que acontece de norte a sul do Brasil. Recentemente o assassinato de Marcos Veron chocou a população de Dourados e foi a demonstração de que os índios sofrem com a violência promovida por fazendeiros, que se colocam acima da lei. Também foi discutida a questão do grande número de suicídios que ainda ocorrem no Mato Grosso do Sul, em virtude dos indígenas viverem confinados em parcelas ridículas de terra. Um dos principais motivos da violência, segundo as mais diversas lideranças indígenas, é a lentidão nas ações de demarcação e garantia das terras. Os indígenas falam que nunca houve vontade do governo federal em agilizar essas demarcações. Enquanto isso, as terras consideradas da população indígena, foram invadidas por fazendeiros, garimpeiros, por grandes projetos de hidrovias, barragens, militares, estradas, madeireiros, lixeiras públicas, eco-turismo, peixeiros, biopiratas, caçadores e aventureiros em busca do lucro fácil. Os indígenas, segundo Peralta, são prejudicados pela sobreposição de unidades de conservação em suas terras e pela falta de fiscalização e conivência de autoridades com os invasores. Além dos casos de violência e das demarcações, Anastácio Peralta, fala que foram discutidos no Fórum Social Mundial outros temas importantes como agressão, desrespeito, ameaça de extinção, saúde, educação, migração, sustentabilidade econômica, descaso do Estado, entre outros assuntos. O representante dos índios guarani e kaiowá de Dourados, disse que os representantes de 32 povos indígenas do Brasil e do México que estiveram presentes no Fórum, apresentaram propostas para a construção de um mundo com respeito à diferença, paz, e sem violência e impunidade. Uma das propostas pede para que os governos priorizem a discussão em torno da situação dos povos indígenas, buscando saídas concretas para aqueles povos que ainda não têm o direito aos seus territórios históricos e tradicionais garantidos em lei, bem como o direito a viver conforme suas tradições e costumes.