Dois dias de muita discussão, marcaram o Seminário Municipal de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, realizado pela Prefeitura de Dourados através da Secretaria de Assistência Social. O evento foi viabilizado devido a uma parceria com o COMCEX e a Universidade Estadual de Mato Grosso do sul (UEMS), através do Projeto Escola que Protege. O seminário de alerta contra a violência sexual, que tem como principais vítimas crianças e adolescentes buscou conscientizar educadores, membros de conselhos tutelares, entidades que atuam como abrigos e a justiça representada pelo Ministério Público e pela Vara da Infância e Juventude, da importância da denúncia. De acordo com os idealizadores do evento, é só através do registro destes casos que será possível uma atuação de advertência e ao mesmo tempo de prevenção aos núcleos familiares, sobre este tipo de crime que infelizmente tem crescido muito no país. Estas discussões reforçam o valor do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, comemorado em dia 18 de maio, mas que tem sido estendido em Dourados com uma série de atividades. Além do ato público na sexta feira (03)com a distribuicão de panfletos em vários pontos da cidade como forma de alerta e do seminário na sexta e sábado(04) na Câmara de Vereadores, a cidade já promoveu palestras, discussões e mesas redondas. As atividades têm mobilizado centenas de profissionais que atuam na defesa e garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, como informou a secretária municipal de Assistência Social, Itaciana Pires Santiago. Segundo ela, entre as autoridades que lidam diariamente com esta questão e que estiveram em Dourados para debater sobre as ações de combate a exploração sexual de crianças e adolescentes estavam a diretora do Departamento de Proteção Social e Especial do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Valéria Gonelli, a secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, Neide Castanha, a coordenadora do Comitê de Combate ao Abuso e a Exploração de Crianças e Adolescentes, Stela Escandola, a coordenadora do Núcleo de Prevenção a Violência, Maria Sueli Mendes Nogueira e a presidente do Comitê Municipal de Combate ao Abuso e a Exploração de Criança e Adolescente, Lindomar Pacheco. De acordo com a representante do departamento de Proteção Social e Especial do MDS, Valéria Gonelli, o trabalho mais difícil é conscientizar as pessoas de que elas precisam denunciar. A maioria dos casos acontece dentro do próprio núcleo familiar e as pessoas não têm coragem de fazer uma denúncia. A omissão também é muito comum porque culturalmente a população não está disposta a se preocupar com o filho dos outros, alertou. Para Neide Castanha, do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, trata-se de um crime que anda de braços dados com a legalidade. A exploração sexual normalmente transita por espaços legalizados, não apenas nos clandestinos. Por exemplo, as casas de entretenimento são um espaço legal, ou seja, estamos tratando com homens de bem. A rede hoteleira, os provedores de internet, funcionam em consonância com a Lei. Esse limite entre o legal e o ilegal, dificulta muito o enfrentamento deste tipo de crime, esclareceu. Ela destacou ainda que, este é um debate que encara muitos tabus como os da masculinidade, do machismo, do poder, das liberdades sexuais. Costumo dizer que ao lidar com a questão do trabalho infantil, já tivemos que quebrar muitos paradigmas, já foi preciso mudar nossa visão do mundo. Mas essa questão foi discutida muito mais na área do trabalho mesmo, da necessidade de trabalhar para se sustentar. No caso da exploração sexual infantil, a discussão costuma cair para o campo da moral. Aí é mais difícil, comentou a especialista. A secretária de Assistência Social de Dourados, disse que é preciso uma mobilização integral contra o problema. Nós precisamos atingir a sociedade de forma geral, fortalecendo a articulação territorial entre os diversos atores sociais e as políticas públicas voltadas para a promoção dos direitos de crianças e adolescentes em situação de abuso e exploração. Só assim é que vamos ter poder de atuação em coibir este tipo de crime contra nossos menores,alertou.