A Secretaria Municipal de Saúde de Dourados o I Simpósio de Saúde do Adolescente de Mato Grosso do Sul – uma primeira discussão no Estado para tratar da saúde do adolescente que envolveu, na semana passada, profissionais da saúde, e outros das áreas da educação, assistência social, segurança pública e justiça. Segundo a organizadora do evento, Dra. Carmem Lúcia, médica Hebiatra do programa municipal de Saúde do Adolescente, os primeiros passos foram dados para um olhar diferenciado à saúde do adolescente. São pessoas em formação, a esperança e o futuro do País e nós, enquanto profissionais e gestores, temos a responsabilidade de fazer com que esses cidadãos cheguem lá com saúde. Os primeiros serviços de saúde voltados para o adolescente surgiram na década de 70, nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Em 1989, o Ministério da Saúde implantou oficialmente o primeiro programa voltado para esse público e, só em 2003, foi oficializado a especialidade de Hebiatria dentro da Pediatria. Conforme explicou a coordenadora do Instituto de Hebiatria do ABC Paulista e doutora no assunto, Dra. Lígia de Fátima Nóbrega Reato foi necessário resgatar o trabalho dos ciclos de vida dentro da saúde pública, que enxerga a pessoa como um todo, como é feito com a criança e o idoso. Ela explicou que antes o adolescente era visto como saudável e depois dos surtos de gravidez precoce, do aumento da violência e do abuso de álcool e outras drogas, o foco para tratar esse público foi mudado. Era só visto o adolescente da puberdade, a parte física, sem enxergar os aspectos psicológicos e emocionais. Atualmente, o jovem corresponde a 25% da população mundial e está inserido nos números de mortalidade por causas externas, de morbidade por causas psicossociais e na sexualidade quando se trata de gravidez precoce e DSTs. Nessas décadas, houve aumento no abuso de drogas, abandono e evasão escolar, aumento do trabalho nessa faixa etária e da violência. Essa população é frágil e suscetível às causas externas, além disso encontramos pessoas obesas desnutridas, enfatizou Lígia. Para ela, um dos maiores desafios colocados tanto para gestores quanto para profissionais é a valorização da saúde dessa população, conciliando os direitos do adolescente e da sua família. O sucesso da saúde dessa população também estará na qualidade do profissional que deve gostar de trabalhar nessa área. Ele deve saber ouvir e não julgar, ter paciência porque esse também é um cidadão que merece respeito, finalizou a doutora. O secretário municipal de Saúde de Dourados, que participou da abertura do I Simpósio, enfatizou a necessidade de olhar para essa população. A linha de trabalho deve estar voltada para esse ciclo de vida também. A criança é prioridade e o jovem sempre veio de carona quando tratamos de políticas públicas. E hoje temos as DSTs, o HIV, por exemplo, por isso a necessidade de fomentar e fortalecer a saúde do adolescente. O prefeito de Dourados, Laerte Tetila, enfatizou a importância de uma formação mais intensa e rigorosa para uma adolescência sadia e destacou os outros atores que podem corresponder para o sucesso da saúde desse público, como os meios de comunicação. DOURADOSHoje, Dourados tem registrado no Ambulatório do programa municipal de Saúde Mental, por exemplo, mais de 180 pacientes com idade entre 18 a 24 anos com transtornos psiquiátricos, entre eles a síndrome do pânico, ansiedade generalizada, anorexia e bulimia. Cadastrados no CAPS Psiquiátrico, são 55 pessoas nessa faixa etária com transtornos mentais graves. Conforme explicou o especialista em Medicina da Família e psiquiatra do programa de Saúde Mental do município, Dr. Wendel Lissa Dalpra, o diagnóstico é complexo e difícil porque a queixa vem, a maior parte, dos pais. A avaliação é conjunta, pais, escola e não deve haver juízo de valor, enfatizou. Dados do programa municipal DST/Aids mostram que somente neste ano, 9 jovens, com idade entre 20 a 24 anos, contraíram o vírus HIV, sendo 5 homens e 4 mulheres. O não uso do preservativo também gerou mais meninas grávidas, como mostra o programa Saúde da Família que tem cadastrado 1.121 jovens grávidas este ano, com idade entre 10 a 24 anos, de um total de 2.011 mulheres. Além disso, dados do Sistema de Informações de Mortalidade da Secretaria Estadual de Saúde mostram a agressão por disparo de arma de fogo e por arma branca (objetos cortantes ou penetrantes) como a principal causa de morte em Dourados, sendo que a maioria dos óbitos é de jovens com idade entre 15 a 19 anos. Foto: Valmir Leite/AgCom